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November Rain

Summary:

Izzy só queria silêncio em sua casa em Indiana. Mas uma batida inesperada à porta em uma noite de novembro traz de volta tudo aquilo que ele passou anos tentando esquecer. Entre memórias que nunca cicatrizaram e sentimentos que insistem em permanecer, ele se vê diante de uma escolha inevitável: continuar fugindo ou encarar aquilo que sempre esteve dentro dele.

Notes:

Aviso:

Esta história é uma ficção e não tem a intenção de ofender nenhum dos membros da banda Guns N’ Roses.

 

Nota da autora:

Oi gente 💜 Essa ideia nasceu ouvindo November Rain. Resolvi transformar aquela atmosfera melancólica da música em uma história sobre reencontros, memórias e tudo aquilo que fica preso entre o passado e o presente.

São 5 capítulos, com clima lento, diálogos intensos e um pouquinho de conteúdo +18. Espero que gostem e que entrem nessa chuva de novembro comigo. ☔✨

 

Boa leitura 💖💖

Chapter Text

A manhã em Lafayette começou como tantas outras desde que Izzy voltara para Indiana. O despertador não era necessário — já fazia meses que ele acordava antes do sol, não por disciplina, mas porque o corpo não sabia mais descansar por inteiro. A insônia era companheira constante, e o silêncio da pequena cidade às vezes pesava mais do que qualquer grito de multidão que um dia o cercara.

 

Ele levantou, acendeu um cigarro com a calma de quem não tem pressa para nada, e ficou alguns minutos parado à janela, observando a neblina dissolver-se no campo úmido. Ali, a vida corria devagar: o barulho de um carro velho passando na estrada, o cachorro do vizinho latindo ao longe, o sino enferrujado da oficina de um conhecido anunciando que mais um dia de trabalho começava.

 

Izzy ajeitou o cabelo comprido com os dedos, como sempre fazia, e jogou uma camiseta gasta por cima do corpo magro. Na cozinha, o café era forte, amargo, servido em uma caneca com uma lasca na borda. Tudo ao redor dele parecia carregado de uma simplicidade que, em partes, o reconfortava — e em outras, o lembrava do vazio.

 

Depois, passou boa parte da manhã na garagem. O cheiro de gasolina misturado à poeira e ao metal enferrujado já fazia parte dele. Izzy sempre tivera um jeito com carros, e aquela oficina improvisada era seu refúgio, o lugar onde as mãos ocupadas evitavam que a mente vagasse para onde não queria ir.

 

Às vezes, alguém do bairro deixava uma caminhonete velha para consertar. Outras vezes, ele simplesmente desmontava peças só para sentir o clique metálico e o peso conhecido nas mãos.

 

No rádio antigo, tocava uma estação qualquer de rock clássico. Ele girava o botão sem se importar muito, evitando a todo custo qualquer canção que pudesse trazê-lo de volta a memórias que lutava para deixar enterradas. Ainda assim, de vez em quando, alguma melodia se infiltrava, teimosa, e o fazia parar por um instante.

 

Ao longo do dia, o céu começou a se fechar. As nuvens escuras avançavam devagar, prenunciando chuva. O vento frio que passou pela varanda carregava o cheiro úmido de novembro — um mês que sempre lhe trazia certa melancolia. Novembro tinha sido o cenário de partidas, de despedidas malditas, de coisas que nunca voltaram.

 

Izzy acendeu outro cigarro, encostado no batente da porta, quando as primeiras gotas começaram a cair. O som da chuva contra o telhado metálico da garagem era constante, hipnótico. Ele fechou os olhos por um momento, quase grato pela companhia daquele barulho que enchia o silêncio da casa.

 

A noite caiu mais rápido do que ele esperava, trazendo consigo uma tempestade forte. Os relâmpagos iluminavam brevemente a sala, e o estalo dos trovões fazia a madeira ranger.

 

Izzy se jogou no sofá, guitarra no colo, dedilhando acordes soltos que não formavam canção nenhuma. Apenas ruídos carregados de memórias.

 

Foi então que ouviu.

 

Três batidas secas na porta.

 

Ele franziu a testa, confuso. Aquele não era um lugar de visitas inesperadas. Quem bateria à sua porta em plena noite chuvosa? Por um instante, pensou ignorar — talvez fosse engano, algum vizinho bêbado. Mas as batidas se repetiram, mais fortes desta vez.
Izzy levantou devagar, coração acelerado sem motivo aparente. Quando girou a maçaneta e abriu a porta, a visão o atingiu como um soco.

 

Lá estava ele.

 

Axl.

 

Encharcado, com os cabelos ruivos grudados no rosto, olhos brilhando não se sabia se de raiva, de cansaço ou de algo muito mais profundo. O casaco pesado pingava no chão de madeira, e, ainda assim, o que pesava de verdade era o silêncio que se instalou entre os dois.

 

Izzy não disse nada. Apenas ficou parado, tragando o ar como se o tempo tivesse voltado e congelado ao mesmo tempo. Axl abriu a boca, fechou de novo. Por fim, com a voz rouca, disse apenas:

 

— Posso entrar?

 

Izzy ficou parado alguns segundos, o cigarro ainda queimando entre os dedos, sem saber se deixava que a fumaça escondesse o impacto em seu rosto. Ver Axl ali, tão de repente, parecia mais um sonho ruim do que realidade. E, no entanto, a chuva forte atrás dele tornava tudo concreto demais.

 

— Você veio até aqui... — murmurou, a voz baixa, quase engolida pelo trovão que estourou logo depois.

 

Axl apenas assentiu, os olhos fixos nos dele, desafiando-o a recusar. Izzy recuou um passo, abriu mais a porta, e o ruivo entrou sem pedir licença. O ar frio da tempestade invadiu a sala junto com ele, trazendo um cheiro de terra molhada que se misturava ao da fumaça de cigarro.

 

O silêncio que se instalou era pesado. Axl ficou parado no meio da sala, os ombros tensos, observando os móveis simples, o sofá gasto, a guitarra largada ao lado. Nada lembrava Los Angeles. Nada lembrava o que eles tinham construído juntos.

 

Izzy esmagou a ponta do cigarro no cinzeiro, tentando parecer indiferente.

 

— Não achei que algum dia fosse te ver por aqui. — Foi o máximo que conseguiu dizer, a voz quase um sussurro.

 

Axl tirou o casaco encharcado, jogando-o sobre a poltrona. O tecido encharcado manchou o estofado, mas ele não parecia se importar. Respirou fundo, como se buscasse coragem, e finalmente respondeu:

 

— Eu precisava.

 

Izzy riu de leve, sem humor.

 

— Precisava? Agora? Depois de tanto tempo?

O ruivo fechou os olhos por um instante, como se o sarcasmo tivesse atravessado a pele.

 

Quando voltou a encará-lo, havia uma mistura perigosa no olhar: mágoa, orgulho ferido, e algo que Izzy conhecia bem demais — aquela chama que nunca tinha se apagado.

 

— Você acha que eu não pensei mil vezes antes de vir? — Axl disse, a voz rouca, trincada de cansaço. — Mas eu estou aqui.

 

Izzy pegou a guitarra, colocou-a de volta no canto, só para ter algo em que ocupar as mãos.

 

— E o que você espera encontrar, Axl? Indiana não é Los Angeles. Aqui não tem plateia.

 

Axl deu um passo à frente, aproximando-se. O som da chuva parecia aumentar a cada segundo, preenchendo os espaços que as palavras não conseguiam.

 

— Eu não vim por plateia nenhuma. — Ele hesitou, a mandíbula travada. — Eu vim por você.

 

Izzy sentiu o estômago revirar. Queria rir, queria xingar, queria empurrá-lo porta afora. Mas ficou ali, imóvel, apenas deixando que o silêncio pesasse ainda mais. O tempo todo, a chuva batia contra o telhado como se marcasse o ritmo da respiração deles.

 

— Você não sabe o que tá dizendo. — Izzy murmurou, mas a própria voz falhou no meio.

 

— Sei sim. — Axl rebateu de imediato, firme. — Eu sei que te deixei sozinho quando não devia. Sei que deixei coisas pela metade. Mas também sei que nada disso acabou.

 

Izzy desviou o olhar, acendendo outro cigarro com mãos trêmulas. Inspirou fundo, o gosto amargo da nicotina preenchendo a boca, como se pudesse calar o coração acelerado.

 

— Você sempre fala como se fosse dono da verdade. — Disse, soltando a fumaça devagar. — Mas aqui não é mais o seu palco, Axl.

 

O ruivo sorriu de canto, mas era um sorriso sem alegria.

 

— Talvez não seja. Mas você ainda escuta quando eu falo.

 

Izzy quis negar. Quis dizer que não, que nada do que Axl dissesse importava mais. Mas o peso daquele olhar atravessava qualquer defesa.

 

Axl se aproximou mais um passo. A distância entre eles agora era mínima, apenas alguns centímetros, e o cheiro da chuva ainda impregnado nas roupas dele chegava misturado ao calor de sua respiração.

 

— Eu só quero uma chance de explicar. — Ele disse, a voz mais baixa, quase um pedido. — Só isso.

 

Izzy ficou olhando para ele, tentando decifrar se o que via era real ou apenas reflexo do passado. O trovão sacudiu a casa, e por um instante, parecia que o mundo inteiro estava desabando junto com aquela chuva.

 

Ele não respondeu de imediato. Apenas se afastou alguns passos, largando-se no sofá com o cigarro entre os dedos. O silêncio voltou a pesar.

 

— Então fala. — disse por fim, a voz fria, mas os olhos denunciando o contrário. — Explica.

 

Axl ficou em pé por alguns segundos, olhando para Izzy sentado no sofá, o cigarro queimando entre os dedos como uma espécie de barreira invisível. Os olhos verdes de Izzy, porém, não escondiam o impacto das palavras que tinham acabado de sair de sua boca: “Então fala.”

 

O ruivo respirou fundo, como se reunisse forças para atravessar um campo minado.

 

— Eu não vou fingir que está tudo bem, porque não tá. — começou, a voz trêmula em alguns pontos. — A gente deixou um monte de coisa quebrada pelo caminho. A banda... a vida... eu mesmo. Mas nada disso foi fácil pra mim, Izzy.

 

O outro desviou o olhar, tragando a fumaça com mais força do que precisava.

 

— Fácil não foi pra ninguém. Mas você sempre soube transformar dor em espetáculo. Eu não.

Axl mordeu o lábio, como se segurasse uma resposta atravessada. Aproximou-se de novo, mas manteve uma distância respeitosa.

 

— Não vim aqui pra discutir quem sofreu mais. Vim porque... — parou, respirou fundo. — porque eu não aguentava mais ficar com isso entalado.

 

Izzy arqueou as sobrancelhas, sem esconder o ceticismo.

 

— Isso o quê?

 

Axl demorou alguns segundos. Olhou para o chão, para a parede descascada da sala, para o cinzeiro cheio em cima da mesinha de madeira. Por fim, encarou Izzy de volta, sem máscaras.

 

— Você.

 

O silêncio que se seguiu foi tão pesado que parecia que até a chuva havia parado por um instante. Izzy soltou a fumaça devagar, tentando esconder o tremor da mão.

 

— Eu? — repetiu, com um riso amargo. — Depois de tudo esse tempo... você aparece na minha porta, ensopado, dizendo que veio até Indiana por mim?

 

— Sim. — Axl respondeu sem hesitar, a voz firme. — Eu não sou bom com tempo. Demoro demais pra admitir certas coisas. Mas eu sei que você sempre foi... — a voz falhou, e ele engoliu em seco. — mais do que só um parceiro de banda.

 

Izzy apertou os olhos, sentindo a cabeça girar.

 

— Não começa, Axl. Você tem esse jeito de transformar tudo em drama bonito, mas na prática... — largou o cigarro no cinzeiro com força. — Na prática, você foi embora de mim muito antes de eu ir embora de você.

 

As palavras ficaram suspensas, pesadas como chumbo. Axl fechou os punhos, mas não rebateu. Apenas andou até a janela, observando a chuva escorrer pelo vidro. A luz dos relâmpagos iluminava o contorno do rosto dele, tão familiar e ao mesmo tempo tão distante.

 

— Talvez você tenha razão. — disse, por fim. — Mas eu tô aqui agora. E eu não atravessaria metade do país só pra reviver briga velha. Eu quero que você entenda... que, por mais fodido que eu seja, você nunca saiu de mim.

 

Izzy sentiu um aperto no peito que odiava reconhecer. Se levantou do sofá, foi até a cozinha só para ocupar as mãos, pegando duas canecas. Serviu café amargo, sem perguntar se Axl queria. Voltou e colocou uma das canecas na frente dele.

 

— Você sempre aparece quando a tempestade já começou. — murmurou, quase para si mesmo.

 

Axl pegou a caneca, o vapor subindo e embaçando levemente a janela.

 

— E eu sempre chego tarde demais.

 

Izzy encarou-o por alguns segundos, tentando sustentar a frieza. Mas havia algo naquele olhar — uma mistura de vulnerabilidade e orgulho — que desmontava qualquer defesa.

 

— Isso não vai ser simples. — disse, firme. — Nem rápido.

 

Axl assentiu, levando a caneca à boca.

 

— Nunca foi.

 

O trovão sacudiu a casa outra vez, como se selasse aquele momento. O silêncio voltou, mas não era mais o mesmo. Não era vazio: era carregado, denso, prestes a transbordar.

 

Izzy apagou a luz principal da sala, deixando apenas a lâmpada fraca da cozinha iluminando o ambiente. Jogou-se de novo no sofá, enquanto Axl se sentava na poltrona em frente. Por um tempo, ficaram apenas bebendo o café amargo, ouvindo a chuva bater contra o telhado.

 

Nenhum dos dois disse mais nada. Mas havia muito sendo dito no espaço entre eles.

E era só o começo.

Chapter 2

Notes:

Oi, gente! ☺️ Espero que gostem desse capítulo.
As atualizações vão ser dia sim, dia não . Já escrevi todos os capítulos, só falta revisar.
Boa leitura! 💖

Chapter Text

A tempestade não dava sinais de trégua. O relógio na parede marcava quase meia-noite, mas o tempo parecia suspenso dentro daquela casa simples em Indiana. Axl permanecia sentado na poltrona, a caneca já vazia entre as mãos, olhando fixamente para a janela como se pudesse decifrar algo na escuridão lá fora.

 

Izzy, do outro lado, permanecia no sofá. A cada tragada no cigarro, o brilho da brasa iluminava por um instante seu rosto pensativo.

 

O silêncio não era confortável, mas também não era estranho. Era um silêncio conhecido, daquele tipo que os dois aprenderam a compartilhar ainda adolescentes, quando passavam horas juntos em quartos abafados, apenas ouvindo discos e sonhando com qualquer coisa que fosse maior do que Lafayette.

 

— A estrada está perigosa. — disse Izzy por fim, quebrando o peso da ausência de palavras. — Com essa chuva, você não vai voltar hoje.

 

Axl não respondeu de imediato. Deixou a caneca na mesinha ao lado e encostou-se para trás, fechando os olhos por um instante.

 

Parecia exausto, como se carregar a própria presença já fosse esforço demais.

 

— Não ia voltar mesmo. — respondeu, baixo, quase como uma confissão. — Se você me deixasse, eu ficaria.

 

Izzy soltou a fumaça devagar, evitando encará-lo. A lembrança de todas as vezes em que Axl havia ficado — e de todas as vezes em que havia partido — veio como uma onda amarga.

 

— Você pode ficar no quarto de hóspedes. — murmurou. — Tem um cobertor no armário, se precisar.

 

Axl se levantou devagar, mas em vez de ir direto, caminhou até a cozinha, deixando os passos ecoarem pelo chão de madeira. Pegou água na pia, bebeu em silêncio, e só depois voltou. Os olhos passaram pela guitarra encostada no canto, demorando-se nela como quem encara um fantasma.

 

— Ainda toca? — perguntou, com um tom que misturava curiosidade e dor.

 

Izzy deu de ombros.

 

— De vez em quando. Só o bastante pra não esquecer como faz.

 

Um raio cortou o céu, iluminando o ambiente. Por um instante, o silêncio foi substituído pela memória de outros tempos: noites infinitas em Los Angeles, a sala cheia de fumaça, copos espalhados pelo chão, os dois lado a lado criando canções que pareciam maiores que eles mesmos.

 

Izzy desviou o olhar, mas não rápido o suficiente para evitar que Axl percebesse.

 

— Você lembra... daquela noite na mansão, antes da primeira turnê grande? — Axl perguntou, a voz arrastada, quase um sussurro.

 

Izzy riu, mas sem alegria.

 

— Qual delas? Teve tantas noites.

 

— Aquela em que a gente ficou até o sol nascer, só nós dois, escrevendo no quarto de ensaio. Você batia o ritmo com a perna, dedilhava a guitarra como se não houvesse amanhã… e eu, cantando por cima, jurava que a casa inteira ia desmoronar. — Axl fechou os olhos, como se pudesse reviver. — Eu nunca tinha me sentido tão invencível… como se nada pudesse me derrubar enquanto você estava ali, tocando comigo.

 

Izzy não respondeu. A lembrança também lhe doía, mas de um jeito diferente. Doía porque trazia de volta não só a música, mas a intensidade que sempre existira entre eles — aquela linha tênue entre amizade, desejo e dependência.

 

Axl abriu os olhos, fitando-o com intensidade.

 

— Às vezes penso que a gente só se perdeu porque não soube lidar com aquilo.

 

Izzy tragou fundo o cigarro, mas a nicotina já não era suficiente para abafar o coração disparado. Levantou-se, apagando a ponta no cinzeiro, e foi até a janela. A água escorria pelo vidro em linhas tortas, refletindo a luz fraca da cozinha.

 

— A gente se perdeu porque você precisava de plateia. — murmurou. — E eu só queria silêncio.

 

Axl não respondeu de imediato. Ficou apenas olhando para Izzy de costas, o cabelo escuro caindo pelos ombros, a silhueta recortada pela luz amarela. Havia algo de dolorosamente belo naquela cena: como se todo o peso da distância tivesse se materializado entre eles, mas ainda assim houvesse uma corda invisível que os mantinha ligados.

 

Ele se levantou, deu dois passos, e parou atrás de Izzy. Não o tocou. Apenas ficou perto o suficiente para que o calor da presença fosse sentido.

 

— E se agora... — Axl começou, a voz baixa. — eu só quisesse ficar em silêncio?

 

Izzy fechou os olhos, respirando fundo. O coração pulsava forte demais para quem dizia querer silêncio. Quando se virou, encontrou os olhos verdes fixos nos dele, e por um segundo que pareceu infinito, não havia chuva, nem passado, nem mágoas: havia apenas o espaço pequeno e carregado entre dois corpos que já se conheciam bem demais.

 

Mas Izzy recuou. Um passo, depois outro. Passou por ele, caminhou até a estante, pegou uma garrafa quase vazia de uísque e encheu um copo. Bebeu de um gole só.

 

— Você devia ir dormir, Axl. — disse, a voz firme, mas com um leve tremor. — Não vamos resolver isso tudo hoje…

 

Axl permaneceu parado no mesmo lugar, o peito subindo e descendo em ritmo acelerado. Por fim, assentiu, sem dizer nada. Pegou o casaco molhado da poltrona e saiu em direção ao corredor, rumo ao quarto de hóspedes.

 

Izzy ficou sozinho na sala, olhando para a chuva que não cessava. A guitarra continuava encostada no canto, como uma lembrança silenciosa de tudo o que ainda estava por vir.

E, enquanto a tempestade seguia, ele soube: a verdadeira tormenta estava apenas começando.

***

Izzy permaneceu sozinho na sala, olhando a chuva escorrer pelo vidro da janela. Cada gota parecia carregar memórias que ele tentava, em vão, empurrar para o fundo da mente. Ele se jogou de novo no sofá, sentindo o peso do silêncio preenchendo cada canto do cômodo.

 

O tic-tac do relógio parecia mais alto do que antes, quase como se o tempo estivesse observando, impaciente, cada respiração deles.

 

Pegou a guitarra, dedilhou acordes dispersos, apenas para preencher o vazio. Não buscava criar música; buscava distração, um jeito de segurar o coração acelerado. Mas os acordes soavam incompletos, cheios de pausas como as conversas que ele e Axl nunca tiveram.

 

No corredor, o som da porta do quarto de hóspedes se fechando ecoou levemente. Izzy não olhou, mas sabia que Axl estava lá. Sabia que ele não conseguiria dormir facilmente, que a mente do ruivo provavelmente estava tão agitada quanto a dele. Era difícil ignorar alguém que conseguia ocupar tanto espaço, mesmo à distância de poucos metros.

 

A noite parecia interminável, e Izzy se viu lembrando de outras noites assim: as horas silenciosas antes de shows, a tensão que sempre pairava entre eles, os toques que nunca eram totalmente intencionais, mas sempre carregados de significados. Uma risada, uma mão encostando em outra por acaso, a respiração perto demais — pequenos atos que, com o tempo, se tornaram grandes lembranças.

 

Ele fechou os olhos, tentando afastar a lembrança do último dia que passaram juntos em Los Angeles. A energia da banda, os gritos do público, e aquela sensação de que tudo poderia desmoronar a qualquer momento.

 

Mas mesmo assim, em meio ao caos, havia Axl. Sempre Axl. Sempre ali, mesmo quando partia.

 

No quarto, Axl se deitou, mas não conseguiu fechar os olhos. A luz fraca do abajur projetava sombras pelo quarto, e cada estalo da madeira com a chuva parecia gritar na cabeça dele. Recordava-se das conversas interrompidas, das brigas que não acabavam, das noites em que Izzy o olhava como se pudesse enxergar através dele, e Axl fugia.

 

Fugia por medo, por orgulho, por não saber como lidar com aquilo que sentia.Finalmente, levantou-se. Caminhou de volta à sala, silencioso, e se posicionou na porta, apenas observando Izzy dedilhar a guitarra.

 

Não disse nada. Não precisava. A presença dele já era suficiente para deixar o ar denso, carregado de tensão.

 

— Você ainda toca como antes. — murmurou, a voz baixa, quase um sussurro.

 

Izzy ergueu os olhos, encontrando Axl parado na porta. Um arrepio percorreu a espinha dele, misto de surpresa e algo que ele não queria admitir.

 

— Não é o tipo de coisa que se esquece. — respondeu, seco, mas sem conseguir esconder o tremor sutil na voz.

 

Axl deu alguns passos para dentro, devagar, como se medisse cada movimento. — Sabe o que eu pensei quando te ouvi tocar, agora há pouco? Que nada mudou. Que você ainda é o mesmo cara que passava noites acordado comigo, tentando achar um som que fizesse sentido.

Ele parou por um instante, os olhos fixos nos de Izzy, e a voz saiu mais baixa, quase hesitante: —Eu sempre achei que poderia proteger você, mesmo sem saber direito de quê.

 

Izzy respirou fundo, a garganta apertada. Não queria ceder, não queria mostrar que as palavras de Axl ainda o atingiam. Mas as memórias vieram com força: noites em que se buscavam sem pensar, beijos ásperos seguidos de silêncios carregados, mãos que conheciam cada detalhe do outro como se fossem extensão do próprio corpo. Brigas que terminavam em juras sussurradas, a certeza amarga de que se amavam tanto quanto se feriam.

 

— E você nunca conseguiu. — disse, frio, tentando manter o controle. — Nem com as melhores intenções.

 

Axl baixou a cabeça, respirando fundo. Por um instante, parecia que a chuva e o silêncio se uniam para selar a noite.

 

— Talvez eu tenha sido um idiota. — admitiu. — Mas eu estou aqui agora. E não vou fugir.

 

Izzy deixou a guitarra de lado e se recostou no sofá, sentindo o peso das palavras dele. Havia verdade ali, mesmo misturada com orgulho e medo.

 

— Não é só sobre não fugir. — murmurou, olhando para a janela e depois para Axl. — É sobre tudo que ficou sem dizer. Sobre tudo que quebramos.

 

Axl deu mais um passo, agora bem perto, mas ainda sem tocar.

 

— Eu sei. E é por isso que eu preciso tentar, Izzy. Não posso desfazer o passado, mas posso tentar o agora.

 

O silêncio caiu novamente, mas dessa vez não era vazio. Era cheio de possibilidades e lembranças, de uma tensão que não podia ser ignorada. Cada gota de chuva parecia marcar o ritmo de corações que ainda batiam rápido demais na mesma frequência.

 

Izzy fechou os olhos, sentindo o cheiro da chuva, a presença de Axl, e a estranha sensação de que, por mais que a noite fosse longa, o que realmente importava estava ali, a poucos centímetros, esperando ser enfrentado.

 

Axl deu mais um passo, tão devagar que parecia medir cada centímetro do espaço entre eles.

 

— Eu senti sua falta. — disse, a voz baixa, quase arrastada, enquanto a ponta dos dedos dele roçava levemente o braço de Izzy. Um toque suave, quase um pedido silencioso.

 

Izzy parou de respirar por um instante, sentindo o choque do contato. Cada fibra do corpo dele reagia, mas ele não podia ceder.

 

Lembranças ruins e boas se misturavam, formando um turbilhão dentro do peito. Ele se afastou um passo, segurando a própria respiração.

 

— Não me venha com isso agora, Axl. — respondeu, firme. — Não depois de tudo que você disse quando eu falei que ia sair da banda.

 

Axl abriu a boca, surpreso, mas Izzy continuou, com a voz carregada de dor contida:

 

— Lembra? Você me disse que eu estava sendo egoísta, que ia me arrepender. Essas palavras ficaram comigo, Axl. E não vai ser um toque ou um “senti sua falta” agora que vão apagar isso

 

A chuva continuava batendo forte lá fora, mas dentro da sala parecia haver um silêncio absoluto. Axl encarava Izzy, sentindo o peso daquilo tudo, mas sem saber como reagir.

 

Izzy, então, virou-se para a porta do quarto.

 

— Eu preciso de espaço. — disse, voz firme, embora o coração ainda acelerado. — Vou pra meu quarto.

 

Sem esperar resposta, ele caminhou até o corredor, sentindo o olhar de Axl seguindo cada passo. Entrou no quarto, fechou a porta e encostou-se nela, deixando o corpo descansar contra a madeira fria. Por um instante, deixou que a respiração acalmasse, tentando afastar o turbilhão de sentimentos que Axl despertara.

 

Do outro lado da porta, Axl permaneceu parado, sozinho na sala, sentindo que a noite apenas começava e que, de alguma forma, cada gesto, cada palavra, ainda tinha muito a dizer.

Chapter 3

Notes:

Oii, gente! 💖 Desculpem pelo atraso deste capítulo 😅. Espero que vocês gostem! Boa leitura ❤️📖💖

Chapter Text

Izzy despertou com a luz suave da manhã entrando pelas frestas da janela. O som da chuva diminuindo se misturava aos estalos da madeira da casa e ao barulho de água e utensílios vindos da cozinha. Ele permaneceu deitado por alguns segundos, deixando que os sons e a claridade o acordassem devagar, tentando afastar os resquícios da noite anterior, mas a sensação de peso no peito não vinha apenas do cansaço.

 

Enquanto fechava os olhos por um instante, a lembrança da última grande briga com Axl na mansão invadiu sua mente, vívida demais para ser ignorada.

 

A casa estava em silêncio, mas o ar era pesado. Axl andava de um lado para o outro pela sala, os passos duros, os olhos vermelhos de raiva.

— Você vai mesmo sair? — ele gritou, a voz rasgando o ar. — Vai me deixar aqui, com essa merda toda nas costas?

Izzy estava parado perto da porta, a mochila jogada no chão. O rosto duro, mas os olhos… os olhos diziam tudo.

— Eu não aguento mais, Axl. Isso aqui está me sufocando.

— Sufocando? — Axl avançou, os olhos vermelhos, o corpo tenso como um fio prestes a arrebentar. — Você acha que só você tá sofrendo? Eu tô me matando por essa banda! Por você!

— Por mim? — Izzy riu, sem humor. — Você não faz nada por ninguém além de você mesmo. Você quer controle. Quer palco. Quer que todo mundo gire em torno do seu humor instável.

Axl parou, como se tivesse levado um tapa.

— Você está me chamando de instável?

— Estou te chamando de bipolar, Axl. — Izzy cuspiu. — Um dia você me ama, no outro me odeia. Um dia me beija como se fosse o último, no outro me grita como se eu fosse seu inimigo.

Axl explodiu. Avançou de repente, rápido demais, agarrando Izzy pelos braços com força. Os olhos estavam ardendo, a respiração descontrolada.

— Porque você me deixa louco! — Axl berrou, tão perto que Izzy podia sentir o calor da raiva. — Você some, se cala, se esconde atrás dessa porra de silêncio! Eu nunca sei o que você sente!

 

Izzy não recuou. Olhou direto nos olhos dele, a voz cortante:

— Vai me bater agora? É isso? Vai completar o ciclo?

Axl congelou. As mãos ainda seguravam Izzy, mas o olhar vacilou. A dor atravessou o rosto dele como uma sombra.

— Eu… — A voz falhou. — Eu só queria que você ficasse.

Izzy empurrou Axl com força, se soltando.

— Eu sinto medo, Axl! — Izzy explodiu. — Medo de você. Medo de nós. Medo de acordar todo dia com a sensação de que tô preso num ciclo que só te alimenta e me destrói.

Axl respirava pesado, os olhos ardendo. Mas Izzy não parou.

— Você acha que eu saí da banda por causa dos empresários? Dos contratos? Eu saí por causa de você. Porque amar você tava me matando mais rápido que qualquer droga.

— Você me culpa por tudo? — Axl gritou, a voz falhando. — Eu te dei tudo! Te dei meu tempo, meu corpo, minha porra de alma!

— E depois me jogou no chão toda vez que eu não agia como você queria. — Izzy apontou para o porta-retrato quebrado. — Isso é o que você faz com tudo que toca. Você ama até quebrar. Você não sabe amar, Axl Rose. Você sabe possuir.

 

O silêncio que veio depois foi pior que os gritos. Izzy pegou a mochila, passou por ele sem olhar. E Axl, parado no meio do camarim destruído, deixou escapar a última frase, como um veneno:

 

— Você me destruiu. E nem teve coragem de olhar pra trás.

 

Com um suspiro pesado, Izzy deixou que a lembrança se dissolvesse lentamente enquanto se levantava da cama, decidido a enfrentar a manhã. Caminhou até o banheiro, escovou os dentes e tomou um banho rápido, a água quente trazendo um conforto momentâneo, mas sem apagar a sensação de tensão que permanecia. Cada gota escorrendo parecia lavar o corpo, mas não conseguia apagar as lembranças de Axl, do toque, do olhar, do que ficou não dito. Mesmo assim, o peso do passado ainda pairava sobre ele, moldando cada passo, cada respiração, cada pensamento sobre Axl.

 

Vestido, Izzy abriu a porta do quarto e saiu direto para a cozinha. Parou no batente, os olhos se fixando em Axl, que estava concentrado, virando panquecas na frigideira com uma destreza inesperada. O ruivo parecia natural, como se sempre tivesse pertencido àquele espaço simples, àquela rotina silenciosa.

 

Izzy ficou ali, observando. Cada movimento dele, cada gesto, cada inclinação do corpo parecia carregar memórias e saudade. Ele não respirou imediatamente, não queria interromper aquele momento, apenas permitir-se absorver o contraste: a calma da manhã e a tensão que ainda existia entre eles.

 

— Bom dia. — A voz de Axl, baixa, veio sem que ele percebesse Izzy parado ali. Ele se virou, e os olhos verdes encontraram os castanhos de Izzy com a mesma intensidade de sempre, um misto de saudade e desejo contido.

 

— Bom dia. — Izzy respondeu, tentando controlar a própria respiração, ainda parado no batente.

 

Axl se virou, segurando a frigideira com uma mão, e ofereceu um sorriso curto:

 

— Café? E panquecas? Fiz pra gente.Izzy hesitou por um instante, mas o aroma e a presença dele foram mais fortes que a cautela.

 

— Tá bom… — disse, com um meio sorriso, caminhando até a mesa. — Obrigado.

 

Enquanto Axl servia, a conversa começou a fluir naturalmente, cheia de pequenas provocações e risadas baixas.

 

— Você sempre demora tanto pra acordar? — Axl perguntou, inclinando-se sobre a mesa, os olhos verdes fixos nos de Izzy.

 

— Só quando tenho que encarar a luz do sol batendo no meu rosto. — respondeu Izzy, revirando os olhos de leve, mas não conseguindo esconder o sorriso.

 

— Hum… sei… — Axl respondeu, com uma sobrancelha levantada, como se estivesse brincando, mas a intensidade no olhar denunciava algo mais. — E eu que pensei que você não se rendia nem a panquecas.

 

— Panquecas de café da manhã são diferentes. — retrucou Izzy, tentando manter o tom firme, mas com a voz falhando levemente.

 

A tensão entre eles era palpável, mas de uma forma diferente da noite anterior: agora havia proximidade, brincadeira, sorrisos contidos e o aroma do café, misturando desejo e familiaridade. Cada olhar prolongado, cada gesto pequeno, falava mais do que palavras jamais conseguiriam.

 

Izzy deixou a caneca sobre a mesa, cruzando os braços. Seu olhar estava firme, mas havia algo de vulnerável escondido na forma como mordia o canto do lábio.

 

— Então… como vai ficar a banda? — perguntou de repente, sem rodeios. — As turnês, os empresários… eles não devem estar nada felizes com você aqui, em Indiana.

 

Axl respirou fundo, mexendo distraidamente no café. Seus olhos se perderam na fumaça que subia da xícara.

 

— Eles não precisam saber de tudo. Não ainda. Slash cobre algumas coisas, Duff tenta manter a ordem… mas você sabe como é. É um caos sem você.

 

Izzy bufou, descrente.

 

— Não joga isso pra cima de mim. Você sabe que eu tinha minhas razões.

 

— Eu sei — Axl respondeu rápido, a voz mais baixa, quase arrependida. — Só tô dizendo que… nada tá igual desde que você saiu.

 

Por alguns segundos, o silêncio entre eles foi cortado apenas pelo som dos talheres no prato. Izzy desviou o olhar para a janela, onde o sol iluminava o quintal ainda molhado pela chuva da noite anterior.

 

— E você? — continuou ele, mudando de assunto. — Como você tá… depois daquela última… amante?

 

Axl arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— Você anda bem informado.

— O mundo fala, Axl. E eu escuto algumas coisas — Izzy rebateu, tentando soar indiferente, mas sua voz carregava uma ponta de ciúmes difícil de disfarçar.

Axl apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se um pouco para a frente. Um sorriso quase malicioso surgiu em seus lábios.

— Está perguntando porque se preocupa ou porque quer saber se ainda tem espaço pra você?

Izzy rolou os olhos, mas não conseguiu impedir o calor que subiu ao rosto.

— Estou perguntando porque não quero ver você se destruindo de novo por gente que só aparece pelo brilho da sua fama.

— Depois de você… ninguém ficou. — Axl disse em um tom firme, encarando-o direto. — Nem aquelas que eu tentei amar de verdade.

O coração de Izzy acelerou, mas ele se levantou sem responder, recolhendo o prato para a pia.

— Você sempre soube o que dizer pra mexer comigo — murmurou, ligando a torneira.

Axl se levantou também, aproximando-se devagar. Ficou atrás dele, tão perto que Izzy pôde sentir o calor de seu corpo. Axl ergueu a mão e a pousou de leve sobre o braço dele.

 

Izzy fechou os olhos, tentando manter o controle, mas o calor da mão de Axl em seu braço era impossível de ignorar. Quando se virou, seus rostos ficaram perigosamente próximos — tão perto que Izzy podia sentir o cheiro familiar de cigarro e café vindo dele.

— Izzy… — Axl murmurou, a voz baixa, quase um sussurro carregado de súplica. — Eu senti a sua falta.

 

Antes que pudesse responder, Axl inclinou-se de vez, e os lábios se encontraram em um beijo que começou hesitante, mas logo explodiu em intensidade. Izzy soltou um suspiro preso no peito, e Axl aproveitou a brecha para aprofundar o beijo, a língua deslizando contra a dele com urgência.

 

As mãos de Axl deslizaram pelo corpo de Izzy, subindo pelo braço até segurar firme sua nuca, enquanto a outra descia pela cintura, puxando-o para mais perto. Izzy estremeceu ao sentir a pressão daquele toque conhecido, perdido no contraste entre a raiva que guardava e o calor que seu corpo insistia em entregar.

— Droga, Izzy… — Axl arfou entre um beijo e outro, encostando a testa na dele. — Eu passei noites imaginando isso. Você. Aqui. De novo.

Izzy respirava rápido, os olhos semicerrados. Tentou se afastar, mas seus dedos involuntariamente se agarraram à camisa de Axl, como se não quisesse soltá-lo.

— Você… você não sabe o quanto eu também pensei nisso — confessou num sussurro rouco, antes de beijá-lo de volta, dessa vez com mais entrega.

O beijo se tornou mais profundo, desesperado, cheio de suspiros abafados. Axl deslizou a mão pelas costas de Izzy, apertando-o contra si, como se quisesse gravar a sensação da pele dele na memória.

Mas, quando os lábios se separaram, Izzy apoiou as mãos no peito dele, ofegante, como se a realidade tivesse finalmente o atingido.

— Isso não muda o que você disse. O que você fez.

Axl tentou se aproximar novamente, mas Izzy recuou um passo, o coração martelando. Ainda assim, a confissão escapou de seus lábios, baixa, sincera:

— Eu também senti a sua falta, Axl. Mas não é tão simples.

O silêncio que se seguiu foi denso, quebrado apenas pelo som distante de um carro passando pela estrada molhada.

 

Izzy se afastou com passos firmes, a respiração ainda descompassada. Agarrou-se ao ritmo conhecido da rotina para não se perder no turbilhão de sentimentos que Axl sempre provocava.

— Tenho coisa pra terminar na oficina — disse, sem encará-lo. — E depois preciso dar uma olhada na horta.

Axl cruzou os braços, encostando-se na bancada como se fosse dono do espaço.

— Eu vou com você.

— Não precisa — Izzy rebateu rápido, já pegando as chaves de fenda sobre a mesa da cozinha. — Dá pra se ocupar sozinho.

— E perder a chance de ver você sujo de graxa outra vez? Nem pensar. — O sorriso atrevido de Axl o fez revirar os olhos, mas não conseguiu evitar o canto da boca que ameaçava levantar.

Na oficina, o cheiro de óleo e metal tomou o ar. Izzy se concentrou em terminar de apertar as peças do carro que já vinha consertando desde o dia anterior. Axl circulava o espaço como se fosse um território a ser explorado, tocando ferramentas, mexendo em caixas, comentando sobre tudo.

— Você nunca mudou — Axl comentou, agachando-se ao lado dele. — Sempre mergulhado nisso aqui, como se o mundo fosse só você e o motor.

Izzy deu de ombros, limpando o suor da testa com o braço.

— Melhor do que mergulhar em empresários e contratos que só querem te sugar.

Axl soltou uma risada curta, mas não retrucou. Em vez disso, estendeu a mão e passou o polegar distraidamente sobre a bochecha de Izzy, deixando um rastro de graxa.

— Agora sim, você está com a sua cara.

Izzy afastou a mão dele, mas o calor no estômago já o entregava.

— Você não muda, Axl. Sempre invadindo.

Mais tarde, no quintal, Izzy caminhava pela horta, verificando as plantas ainda úmidas da chuva. O sol de novembro aquecia a pele, e o silêncio da manhã quase o fazia esquecer do homem que o seguia de perto.

— Isso tudo é seu? — Axl perguntou, pegando uma folha de manjericão e cheirando antes de sorrir. — Você, Izzy Stradlin, cuidando de horta… nunca pensei que veria o dia.

— É simples. Não exige de mim mais do que eu posso dar. — A resposta foi curta, mas carregada de indireta.

Axl ficou em silêncio por alguns segundos, até se aproximar demais, encostando o queixo no ombro dele.

— Eu não quero mais do que você pode dar agora. Só quero estar aqui.

O coração de Izzy bateu mais forte, mas ele se afastou, pegando uma sacola.

— Preciso ir ao mercado.

— Ótimo. — Axl ajeitou os óculos escuros no rosto. — Vamos juntos.

Izzy ergueu uma sobrancelha.

— Você não pode simplesmente aparecer lá.

— Relaxa, eu sei me disfarçar — Axl respondeu, puxando um boné amassado do bolso da jaqueta. — Já passei por coisa pior.

Izzy suspirou, mas não teve forças para insistir. Caminharam juntos até a caminhonete velha estacionada na entrada. No caminho, Axl o cutucava com o ombro, fazendo piadas, e em certo momento pegou a mão de Izzy sem aviso.

Izzy tentou puxar de volta, mas o aperto foi firme, quente, e por alguns segundos ele deixou ficar.

 

caminhonete velha parou no estacionamento do pequeno mercado da cidade. Izzy desligou o motor e respirou fundo, como se estivesse prestes a entrar em um território delicado.

— Lembra, Axl: ninguém pode te reconhecer. Isso aqui não é Los Angeles. Todo mundo conhece todo mundo, e não vai ser difícil ligarem os pontos.

— Tá tranquilo. — Axl ajeitou os óculos escuros no rosto e puxou o boné até cobrir boa parte do cabelo ruivo. — Sou só um cara normal, indo às compras com um… amigo.

Izzy arqueou a sobrancelha, abrindo a porta.

— Amigo. É.

Entraram juntos, e logo Axl começou a chamar atenção — não por ser reconhecido, mas pelo jeito inquieto, mexendo em tudo como se fosse novidade. Ele pegava pacotes de bolachas, olhava rótulos de conservas, cheirava frutas, como se fosse um turista em um país estranho.

— Você realmente come essas coisas? — Axl perguntou, apontando para uma caixa de cereais simples. — Eu sempre imaginei você vivendo de cigarro e café.

Izzy pegou a caixa e jogou no carrinho.

— E eu sempre imaginei você calado por mais de cinco minutos.

Axl riu alto, atraindo olhares curiosos de uma senhora que passava. Ele baixou a voz, aproximando-se de Izzy:

— Se continuar desse jeito, vão acabar descobrindo que o Axl Rose tá comprando leite e pão em Indiana.

— Eu disse pra você não vir. — Izzy empurrou o carrinho adiante, tentando ignorar o sorriso largo de Axl.

No corredor dos enlatados, Axl encostou-se à prateleira, observando Izzy escolher alguns produtos. O jeito calmo, meticuloso, contrastava com a impaciência que Axl carregava no corpo inteiro. Ele se aproximou, a voz quase um sussurro:

— Sabe o que é estranho? — Seus olhos verdes brilharam sob os óculos escuros. — Eu gosto de te ver assim. Normal. Fazendo compras, preocupado se tem feijão suficiente na despensa.

Izzy parou, uma lata na mão, sentindo o corpo esquentar com aquela aproximação.

— E eu gosto de você longe de mim quando começa a falar essas coisas.

Mas Axl não se afastou. Pelo contrário, deslizou a mão pelo braço dele, levemente, quase imperceptível, até alcançar os dedos que seguravam a lata. O toque o fez prender a respiração.

— Eu não estou brincando, Izzy. — A voz saiu mais baixa agora, carregada de sinceridade. — Eu sinto falta disso. De você. Da sua vida simples.

Izzy engoliu em seco, recuando um passo, mas a tensão já estava gravada no ar. Ele tentou quebrar o clima jogando a lata no carrinho.

 

— Vamos terminar logo antes que alguém perceba quem você é.

 

Ainda assim, no caixa, quando ficaram lado a lado, Axl se inclinou só o suficiente para que sua respiração quente tocasse a orelha de Izzy.

 

— A gente pode comprar comida pra semana inteira… mas eu ainda vou continuar com fome de você.

 

Izzy fechou os olhos por um segundo, tentando não reagir, mas acabou deixando escapar um suspiro que só Axl ouviu.

Chapter 4

Notes:

Oii, gente! ❤️🔥 Espero que curtam muuuito esse capítulo, porque está pegando fogo 😈🥵💖!! Boa leitura e aproveitem cada detalhe!!! ✨🔥

Chapter Text

A volta de carro foi silenciosa, mas não o bastante para esconder a eletricidade no ar. Izzy mantinha os olhos fixos na estrada, as mãos firmes no volante, enquanto Axl, no banco do passageiro, observava cada movimento dele como se fosse um espetáculo particular.

 

De vez em quando, Axl deixava escapar um sorriso de canto, e Izzy fingia não notar. Mas o corpo dele traía a calma que queria passar: os dedos apertavam o volante com força demais, e o pé batia no chão em um ritmo nervoso.

 

Quando estacionaram em frente à casa, Izzy saiu rápido da caminhonete, carregando as sacolas para dentro. Axl veio logo atrás

 

A porta se fechou atrás deles com um estalo seco, abafando o frio de novembro. O silêncio da casa voltou a se instalar, mas dessa vez não era confortável. O ar parecia carregado, como se cada respiração trouxesse lembranças que Izzy havia tentado enterrar.

 

Ele largou as sacolas sobre a mesa da cozinha e tentou se ocupar em organizar as coisas. Era mais fácil fingir normalidade do que encarar a tensão que crescia entre eles. Mas Axl não facilitava.

— Vai ficar me evitando até quando? — a voz dele soou baixa, quase rouca.

Izzy não respondeu de imediato. Apenas ajeitou um pacote de café no armário, os ombros tensos. Mas quando se virou, encontrou aqueles olhos verdes fixos nele. Havia algo de desarmado neles, uma mistura de saudade e provocação que Izzy conhecia bem.

— Eu não estou te evitando — ele disse, num tom que não convencia nem a si mesmo. — Só… tentando entender o que você está fazendo aqui, Axl.

O ruivo se aproximou devagar, como quem sabe exatamente aonde quer chegar. Cada passo parecia apertar mais o ar entre eles.

— Você já sabe. — Um sorriso breve surgiu nos lábios dele, antes de desaparecer. — Eu senti falta disso. De você.

Izzy desviou o olhar, o coração acelerado contra as costelas. Ele queria perguntar "só de mim, ou de tudo?", mas a voz falhou.

Axl não esperou. Estendeu a mão, os dedos deslizando pelo braço de Izzy, subindo pelo ombro até alcançar a nuca. O toque foi firme, possessivo, mas cheio de uma ternura escondida.

— Eu tentei esquecer… — Axl murmurou, tão perto que Izzy sentiu o calor da respiração contra sua pele. — Mas não deu.

Izzy fechou os olhos por um instante, tentando lutar contra o inevitável. Só que, quando Axl inclinou o rosto e seus lábios se tocaram, toda resistência desmoronou.

O beijo começou suave, um teste, um reencontro. Mas rapidamente ganhou força. Havia urgência, saudade, quase raiva ali. Izzy agarrou a camisa de Axl, puxando-o mais perto, enquanto um suspiro escapava involuntário de sua garganta.
Axl sorriu contra os lábios dele, deslizando a mão pelas costas de Izzy, explorando cada curva com uma pressa contida.

— Droga, Izzy… — ele sussurrou entre beijos, a voz quebrada de desejo. — Eu sonhei com isso tantas vezes.

Izzy respondeu apenas apertando-o mais, como se também tivesse medo de acordar.

O beijo tinha vindo como uma descarga elétrica, um choque de anos comprimidos em segundos. Os lábios de Axl e Izzy se encontraram com urgência, como se o tempo não tivesse passado, como se os dias de palco, mansões e madrugadas intermináveis nunca tivessem se esfarelado. Havia desejo, raiva, saudade, tudo misturado no gosto quente e úmido daquele beijo.

Mas Izzy foi o primeiro a se afastar. Respirava rápido, os olhos escuros fixos nos verdes de Axl, que o encarava como se quisesse arrancar qualquer distância que ainda restasse entre eles.

— Não. — Izzy ergueu a mão, como um pedido de trégua. — Antes de qualquer coisa… a gente precisa conversar.

Axl engoliu em seco, o peito subindo e descendo, a frustração evidente. Queria mais daquele beijo, queria se perder ali mesmo. Mas havia algo no tom de Izzy que não permitia ignorar. Um pedido sério, quase um ultimato.

Eles foram para a sala. Axl se jogou no sofá, com aquele jeito largado e ao mesmo tempo tenso, enquanto Izzy preferiu ficar de pé por um instante, andando de um lado a outro antes de finalmente se sentar de frente para ele. O silêncio pareceu pesar mais do que qualquer resposta.

— Por que você voltou? — Izzy começou, direto.

— Eu já disse… — Axl respondeu rápido, mas a voz saiu vacilante. — Senti falta de você.

— Isso não basta, Axl. — Izzy balançou a cabeça, os dedos batendo nervosos no braço da cadeira. — E a banda? As turnês? Os empresários? Os meninos? Você não pode simplesmente largar tudo e bater aqui na minha porta.

Axl respirou fundo, passando a mão pelos cabelos desgrenhados.

— A banda… continua. Eles sabem se virar. Não é a mesma coisa sem você, e nunca foi, mas continuam. Eu… eu precisava de ar, Izzy. Precisava te ver.

Izzy estreitou os olhos, o peito pesado.

— E eu? O que eu sou agora pra você? Só uma lembrança que voltou porque é novembro? Só mais um refúgio temporário?

Axl se inclinou para a frente, a voz baixa, mas firme:

— Não. Você nunca foi só isso. Eu tentei… — ele riu sem humor, o olhar perdido por um segundo — tentei preencher esse buraco com shows, com mulheres, com qualquer coisa que me distraísse. Mas nada. Ninguém foi você.

As palavras bateram fundo. Izzy desviou o olhar, sentindo o coração disparar de uma forma que odiava admitir.

— E aquelas mulheres? — Izzy cutucou, ácido, mas a insegurança era clara. — As amantes, as manchetes…

— Todas passageiras. — Axl respondeu rápido, quase com raiva. — Nenhuma durou mais que a noite, Izzy. E nenhuma chegou perto do que eu sinto agora, sentado aqui.

O silêncio voltou, denso. Izzy fechou os olhos por um instante, tentando se proteger daquela avalanche. Mas quando os abriu, Axl já estava mais perto. Não havia mais como escapar.

O beijo veio de novo, ainda mais intenso que antes. Izzy gemeu baixo contra a boca dele, os dedos se enroscando nos cabelos vermelhos quase sem perceber. Axl o puxou com força, e o corpo de Izzy se moldou ao dele como se nunca tivesse aprendido outra coisa.

As mãos de Axl deslizaram pela cintura de Izzy, explorando cada curva. Ele sorriu contra os lábios dele quando os dedos apertaram a bunda dele.

— Você mudou aqui… — murmurou, a voz carregada de desejo e provocação. — Está mais cheio.

Izzy corou de imediato, empurrando o peito dele levemente.

— Cala a boca, Axl. — sussurrou, mas a respiração falhou.

Axl riu baixo, aproveitando o constrangimento para apertá-lo de novo, agora ainda mais intencional. Antes que Izzy pudesse protestar, Axl o ergueu no colo, com a força que sempre o surpreendia.

— Merda, Axl! — Izzy arregalou os olhos, debatendo-se. — Me põe no chão, agora!

— Nem pensar. — Axl mordeu o lábio, os olhos brilhando com malícia. — Esperei anos por isso.

Izzy se contorcia, rindo nervoso e ao mesmo tempo excitado, tentando parecer horrorizado, mas as mãos agarradas aos ombros de Axl contavam outra história.

— Eu estou falando sério, Axl! — sua voz falhou no meio de um suspiro.

— E eu também — Axl murmurou, os olhos faiscando de desejo. — Mas você não vai me deixar desistir, né?

Antes que Izzy pudesse protestar de verdade, Axl o envolveu pela cintura, levantando-o com facilidade, e caminhou em direção ao quarto. Cada passo fazia Izzy sentir o corpo eletrizado, a antecipação queimando em cada músculo.

— Axl… você é impossível — murmurou, meio rindo, meio arfando, enquanto tentava se soltar. Mas Axl apenas apertou a cintura dele com mais força, provocativo, os lábios próximos ao ouvido.

— E você gosta disso.

Quando chegaram ao quarto, Axl cuidadosamente deitou Izzy sobre a cama, mantendo o olhar fixo nele. O coração de Izzy batia tão rápido que parecia querer escapar do peito, os dedos agarrando o lençol com força.

Axl se inclinou novamente, os lábios encontrando os dele em um beijo lento no início, cheio de tensão, explorando cada movimento com cuidado e desejo. Izzy gemeu baixo, a respiração falhando, enquanto Axl começava a deslizar a mão pelo peito dele, sentindo cada contorno, cada curva, cada músculo tenso de expectativa.

Izzy arqueou-se levemente, empurrando de leve o ombro dele, mas o toque de Axl era irresistível. As mãos do ruivo desceram pela cintura, apertando com firmeza, enquanto os lábios exploravam o pescoço e a mandíbula, provocando suspiros e gemidos involuntários.

— Eu senti falta disso… de você — Axl sussurrou, a voz rouca, antes de pressionar um beijo mais profundo nos lábios dele.

Izzy arfou, os dedos entrando nos cabelos dele, puxando-o mais perto, deixando-se levar pela mistura de desejo e saudade. Cada toque parecia dissolver anos de distância, cada beijo carregava memórias e promessas não ditas.

Axl deslizou a mão mais abaixo, explorando os quadris de Izzy, provocando gemidos baixos que escapavam de sua garganta. Ele se inclinou sobre ele, cobrindo o corpo com o seu, sentindo a pele quente contra a sua. Izzy se debatendo um pouco, mas rindo nervoso, incapaz de resistir completamente.

— Axl… — ele sussurrou, a voz tremendo entre suspiros. — Não para.... por favor....

 

Axl sorriu contra os lábios dele e começou a deslizar lentamente a mão pelas laterais do corpo de Izzy, subindo e descendo, traçando cada linha, cada curva.

— Está corado, Izzy… — murmurou, a voz rouca de desejo. — E eu adoro isso.

Izzy desviou o rosto, envergonhado, sentindo o corpo reagir a cada toque, a cada palavra.

— Cala a boca… — murmurou, tentando parecer sério, mas o rubor que subia pelo pescoço traía o contrário.

Axl riu baixo, deslizando as mãos pelas costas dele, apertando o corpo com firmeza antes de começar a desabotoar a camisa de Izzy, lentamente, provocando suspiros e pequenos risos nervosos.

— Você esta bonito, sabia? — Axl disse, deslizando o polegar sobre a pele agora exposta. — Mais saudável, mais forte… cada linha do seu corpo… perfeito.

Izzy sentiu a vergonha misturada com excitação. — Eu… não sei se… — começou, mas Axl interrompeu com um beijo rápido, roubando o resto da frase.

Quando a camisa caiu, Axl passou os olhos por todo o torso dele, admirando cada músculo, cada detalhe. Deslizou a mão até a cintura, provocando arrepios.

— Está lindo… sério. Não só bonito, mas meu, Izzy. Meu.

Izzy mordeu o lábio, rindo nervoso, enquanto Axl começava a tirar a calça dele devagar, a mão passeando pelas coxas, observando a pele corada que reluzia sob a luz do quarto.

— Essas coxas… — Axl comentou, provocativo, passando a mão de leve — eu sempre gostei delas… e agora, olha só… tão mais firmes.

— Axl! — Izzy exclamou, rindo e tentando cobrir-se com os braços. — Para de falar essas coisas!

— Não consigo… — Axl respondeu, sorrindo malicioso, beijando o ombro dele. — Você é bonito demais pra eu não dizer. Cada pedaço seu… perfeito.

Izzy corou ainda mais, o coração disparado. Mas, ao sentir a mão de Axl explorando com cuidado e desejo, se rendeu aos suspiros, aos beijos e à provocação dele.

— Para… — murmurou entre gemidos e risadas nervosas. — Você vai me enlouquecer…

— É exatamente isso que eu quero — Axl sussurrou, aproximando o corpo ainda mais do dele, percorrendo cada curva, cada linha, como se estivesse gravando o corpo dele na memória. — E você é meu, Izzy. Não tem como fugir de mim agora.

 

O Axl passou a mão pelo corpo do Izzy, suas mãos descendo e subindo pelas coxas dele. Ele colocou as mãos na cueca de Izzy, que olhou para cima, pedindo confirmação. Izzy deu um aceno tímido.

Axl não perdeu tempo e continuou, deslizando ao longo das coxas dele. O corpo de Izzy reagiu imediatamente, corado e tenso, e ele não conseguiu evitar gemidos baixos.

— Já está tão duro pra mim, querida — Axl murmurou, pegando no pau de Izzy, que deslizou tão facilmente sobre ele. — Você já está tão molhando para mim…

Izzy gemeu, segurando os braços de Axl, pedindo para que ele não parasse.

 

Ele começou a descer, deixando beijos molhados na cabeça, passando a língua na fenda, pegando o pré-semen que estava vazando. Izzy não conseguia ficar quieto; seu corpo se curvava, e Axl segurou sua cintura, prendendo-o na cama.

— Iz, fique quieto, querida — Izzy gemeu, tentando recuperar o fôlego.

Foi quando Axl colocou todo o pau de Izzy na boca, subindo e descendo com firmeza. Izzy não estava mais aguentando, gemendo alto o nome de Axl, lágrimas escapando de seus olhos. Ele pediu para que Axl parasse, mas mal tinha terminado a frase quando o ruivo deu mais uma chupada forte, lambendo com intensidade.

Izzy não resistiu e gozou com força, espalhando o líquido pela barriga de Axl e até um pouco em seu queixo. Axl passou o dedo pelo rosto dele, levando-o à boca, e murmurou:

— Você tem um gosto tão bom, querida…

Izzy ainda estava atordoado, seu corpo tremendo e tendo espasmos involuntários. Axl subiu de volta até ficar cara a cara com ele, beijando-o com intensidade. Izzy sentiu o próprio gosto na língua de Axl, misturado ao calor e à entrega de ambos.

Axl pressionou dois dedos contra a boca de Izzy. Ele abriu os lábios e começou a chupar os dedos, deixando-os bem molhados.

— Deixa eles bem molhados — murmurou Axl, observando cada reação dele.

O ruivo estudava a expressão de Izzy: as bochechas coradas, os lábios esticados ao redor de seus dedos, o olhar turvo e perdido em desejo. Cada movimento, cada suspiro, fazia Axl sorrir com malícia.

Axl deslizou os dedos mais fundo, provocando pequenos gemidos que escapavam involuntários da boca de Izzy. Cada sucção, cada movimento, parecia enlouquecê-lo mais.

— Isso… assim mesmo, querida — Axl murmurou, a voz rouca, observando cada reação. — Eu adoro quando você se entrega assim.

Izzy arqueou-se levemente, segurando o braço de Axl, incapaz de conter os suspiros e a respiração entrecortada. O olhar dele estava turvo de desejo, a pele ainda mais corada, cada movimento do ruivo incendiando seu corpo.

Axl sorriu, deslizando a mão pela cintura de Izzy, puxando-o mais perto, sentindo o calor dele se misturar ao seu.

— Você é lindo assim… tão entregue… — Axl sussurrou, aproximando o rosto do pescoço dele, deixando beijos molhados e suaves, provocando arrepios.

Izzy gemeu baixinho, tentando recuperar o fôlego. — Axl… não sei quanto tempo mais vou aguentar… — murmurou, a voz falhando entre risos nervosos e suspiros.

— Então não aguente — Axl respondeu, sorrindo malicioso, aproximando-se ainda mais. — Se entregue de vez pra mim.

Axl deslizou os dedos, agora molhados de saliva, descendo lentamente pelo corpo de Izzy até a entrada dele. Izzy se contraía, arqueando-se e abrindo as pernas, incapaz de controlar os suspiros que escapavam involuntários.

— Me diz… você ficou com alguém nesse tempo todo? — Axl perguntou, a voz rouca de desejo, olhando fixamente para ele.

Izzy mordeu o lábio, com um sorriso malicioso e travesso nos olhos. — Ah, só na minha imaginação… — respondeu com ar de provocação.

O comentário arrancou um sorriso torto de Axl, que não conseguiu segurar a reação: deu um tapa firme e forte nas nádegas de Izzy.

— Ai! — Izzy gritou, gemendo alto, ofegante, as mãos agarradas aos ombros de Axl. — Seu… maluco!

— Eu disse pra parar de provocar — Axl murmurou entre um beijo e outro, deslizando as mãos pelo corpo dele novamente, segurando-o firme, incapaz de resistir à combinação de desejo e provocação que Izzy oferecia.

 

Axl continuou com os dedos molhados, deslizando lentamente até a entrada de Izzy, que se contraía involuntariamente, abrindo mais as pernas, incapaz de conter os gemidos baixos.

— Senti falta… de quão apertado você é — Axl murmurou, a voz rouca, os olhos fixos nele. — Sério, não lembrava o quanto…

Izzy arqueou-se, o rosto corado, respirando rápido, tentando se afastar, mas Axl segurou firme a cintura dele. Com cuidado e determinação, levantou a coxa direita de Izzy, apoiando-a no ombro, aproximando-os ainda mais.

— Axl… — Izzy murmurou entre suspiros, a voz falhando. — Você vai me enlouquecer…

— É exatamente isso que eu quero — Axl respondeu, deslizando a mão com firmeza e provocando arrepios em cada toque. — Cada pedaço de você… estava com tanta falta.

 

Quando Axl começou a pressionar os dedos contra a entrada do Izzy, ele abriu a boca, soltando um suspiro baixo ao sentir a aproximação e o toque firme. Axl começou a movimentar os dedos com cuidado, observando cada reação do corpo de Izzy, cada arqueada, cada gemido.

Percebendo que ele se rendia mais facilmente, Axl acrescentou um segundo dedo, ajustando os movimentos para aumentar a intensidade, explorando com atenção cada resposta dele. Seus olhos analisavam cada reação, o corpo de Izzy se contorcendo sob seu toque, os suspiros e gemidos deixando claro o quanto ele gostava da proximidade.

— Você… está tão bom assim — Axl murmurou entre suspiros, a voz rouca, deslizando as mãos pelo corpo dele. — Cada reação sua… cada suspiro… me enlouquece.

Izzy arqueou-se mais, incapaz de conter os sons que escapavam, os dedos agarrando os ombros de Axl.

— Axl… não… para — ele sussurrou, a voz trêmula, revelando o desejo contido que crescia a cada toque.

 

Quando Axl adicionou o terceiro dedo, encontrando o ponto mais sensível de Izzy, ele gemeu alto, arqueando as costas de forma quase involuntária, fazendo o colchão ranger sob o movimento. Axl se curvou para frente, dobrando Izzy no meio, levantando suas pernas até apoiá-las nos ombros dele, e começou a beijá-lo com intensidade.

Os sons do toque de Axl ecoavam pelo quarto, cada estocada carregada de força e precisão, fazendo o corpo de Izzy subir e descer com os movimentos.

— Axl… eu não quero gozar agora… eu quero você dentro de mim — Izzy sussurrou entre suspiros, a voz falhando de desejo.

Axl não resistiu por mais tempo. Retirou os dedos e saiu da cama, tirando as roupas com movimentos precisos e cheios de intenção: primeiro a camisa, depois a calça jeans, e por fim a cueca. Izzy observava cada gesto, sentindo uma mistura de excitação e saudade.

Ele percebeu o quanto Axl havia mudado nesses anos separados. O ruivo estava mais forte, com ombros largos e peitoral definido, braços torneados que exibiam força e delicadeza ao mesmo tempo. A barba bem cuidada dava a ele um ar mais maduro, intenso, deixando Izzy sem fôlego.

Cada movimento, cada gesto, revelava o homem que ele se tornara, diferente, mais confiante… e ainda assim, capaz de fazê-lo perder completamente o controle.

Izzy sentiu o corpo reagir instantaneamente, a lembrança de tudo que haviam compartilhado misturando-se ao desejo atual. — Você mudou tanto… — murmurou baixinho, quase para si mesmo, o coração disparado ao observar cada detalhe do homem à sua frente.

Axl voltou para a cama, puxando Izzy para mais perto, subindo lentamente sobre ele. Seus olhos se encontraram, carregados de desejo e saudade, e por um momento tudo ao redor desapareceu. Eles se beijaram, demoradamente, sentindo o calor e a familiaridade do toque do outro.

— Eu te amo — murmurou Axl, a voz rouca, quebrada pela intensidade do momento, segurando o rosto de Izzy com as mãos.

Izzy sorriu contra os lábios dele, sentindo o coração disparar.

— Eu… eu também te amo — respondeu, a voz falhando entre suspiros, mas cheia de verdade.

Eles se mantiveram assim, entrelaçados, trocando beijos lentos e carregados de sentimento, explorando cada reação, cada sorriso tímido, cada toque. O mundo lá fora parecia não existir; havia apenas eles, o calor de seus corpos e o amor que há anos tentavam ignorar.

Axl apoiou as mãos ao lado de Izzy, mantendo a proximidade, sentindo cada respiração dele.

— Senti tanta falta de você… — murmurou, quase um sussurro, deixando um beijo suave na boca de Izzy.

— Eu também… — Izzy respondeu, entrelaçando os braços ao redor de Axl, sentindo-se finalmente seguro e desejado, como nunca havia se permitido sentir desde que se separaram.

 

Encontrando suas testas, Axl desceu a mão para o próprio membro e começou a esfregar na entrada de Izzy. Izzy suspirou e gemeu baixinho quando Axl começou a forçar sua entrada, observando cada reação dele com atenção.

Quando chegou ao fim, soltou um suspiro profundo.

— Tão apertado… — murmurou Axl, a voz rouca de desejo.
Izzy estava ofegante, corado, todo tenso.

— Ahh… me sinto tão cheio… — disse, segurando os ombros dele.

— Posso começar a me mexer? — perguntou Axl.

Izzy confirmou com a cabeça. Axl começou devagar, depois aumentou gradualmente o ritmo das estocadas. O som da pele colidindo ecoava pelo quarto, os gemidos altos de Izzy se misturando aos suspiros e gemidos baixos de Axl próximos ao ouvido dele. A cabeceira da cama batia na parede a cada movimento.

Tudo era intenso. As coxas de Izzy começaram a deslizar da cintura de Axl, mas ele logo as segurou e colocou nos ombros, intensificando ainda mais o ritmo.

— Estou perto… — murmurou Izzy, a voz falhando entre gemidos.

— Bem, querido… — respondeu Axl, firme e rouco.

Izzy cedeu ao clímax, sujando a própria barriga e a de Axl, relaxando finalmente na cama, o corpo ainda tremendo de prazer. Axl continuou em busca do próprio prazer; o corpo de Izzy estava sensível a cada movimento. Quando deu a última estocada, gozando dentro dele, soltou um suspiro profundo, completamente entregue.

 

Axl saiu devagar de dentro de Izzy, sentindo cada reação do corpo dele. Seu olhar caiu sobre a pele corada e sensível de Izzy, acompanhando o próprio sêmen escapando da entrada dele. Izzy percebeu para onde os olhos de Axl estavam fixos e corou, envergonhado, respirando rápido, tentou fechar as pernas.

— Não fecha… — murmurou Axl, baixo, segurando firmemente o quadril de Izzy.

Izzy tentou se afastar, mas Axl não deixou. Com cuidado, colocou os dedos novamente, espalhando um pouco do sêmen, explorando devagar a pele sensível dele. Ele não demorou, consciente de que Izzy estava à flor da pele e precisava de delicadeza.

O corpo de Izzy acabou deslizando para o lado da cama, quase caindo, e Axl rapidamente o puxou para perto, envolvendo-o nos braços, segurando firme. Sentiu o corpo de Izzy relaxar contra o seu, os músculos ainda tensos pela intensidade do prazer. Eles permaneceram assim alguns instantes, corpos colados, respirando pesadamente, o calor e a entrega ainda percorrendo cada centímetro.

Axl acariciou o rosto de Izzy com ternura, deslizando os dedos pelos cabelos, encostando a testa na dele.

— Eu te amo… — sussurrou, a voz rouca, carregada de emoção.

— Eu também… — respondeu Izzy, a voz falhando, os olhos brilhando, segurando Axl com força.

Eles ficaram assim, entrelaçados, sentindo o calor um do outro, os corações acelerados, os corpos ainda marcados pelo toque, e o silêncio confortável que só a intimidade verdadeira podia trazer. Cada respiração compartilhada, cada suspiro, parecia selar tudo o que anos separados não conseguiram apagar.

A noite continuou com eles abraçados, os corpos ainda conectados, e a certeza silenciosa de que, apesar de tudo, finalmente estavam juntos de novo.

Chapter 5

Notes:

Oii gente! 💖

Chegamos ao fim da história! Espero que vocês tenham curtido cada momento de Axl e Izzy tanto quanto eu gostei de escrever.

Espero que tenham sentido cada gota de emoção e curtido essa tempestade tanto quanto eu adorei escrever. Vocês são incríveis!

Beijos da autora 😘

Chapter Text

Izzy despertou devagar, o corpo pesado, cada músculo lembrando da intensidade da noite anterior. Estava todo dolorido: coxas, quadris, até os braços. A primeira sensação foi de calor, como se o corpo ainda guardasse o eco dos toques de Axl. Quando abriu os olhos, a luz suave da manhã invadia o quarto, iluminando de leve o lençol amarrotado.

Virou o rosto e prendeu a respiração. Axl estava deitado ao lado dele, virado de lado, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro. Os lábios entreabertos, a respiração calma. Havia algo quase inocente naquele rosto em repouso, tão diferente da intensidade da noite anterior. Izzy ficou apenas olhando, perdido, como se quisesse gravar cada detalhe na memória.

Mas bastou baixar os olhos para corar instantaneamente: a pele da própria barriga ainda estava melada, resquícios da noite espalhados ali, e uma sensação pegajosa entre as pernas o denunciava. Engoliu seco e, envergonhado, cobriu o rosto com o braço.

“Droga…” pensou.

Quando percebeu que Axl se mexia, Izzy fechou os olhos rapidamente, fingindo estar dormindo. Axl esticou o corpo e abriu os olhos devagar, vendo a cena. Um sorriso malicioso surgiu no canto da boca.

— Você finge muito mal, querido… — a voz rouca e arrastada denunciou.

Izzy soltou um suspiro frustrado, virando o rosto.

— Eu não tava fingindo… só… descansando.

Axl riu baixo e se aproximou, passando os dedos pelos cabelos pretos e bagunçados do guitarrista.

— Descansando, hm? Depois da noite que você teve, até acredito. — Ele piscou, e Izzy sentiu o rosto esquentar ainda mais.

Tentou se levantar, mas assim que mexeu os quadris, uma pontada de dor o fez desistir.

— Ah, merda… — murmurou, mordendo o lábio.

Axl arregalou os olhos, mas logo riu divertido.

— Olha só pra você, nem consegue levantar da cama!

— Cala a boca… — respondeu Izzy, sem coragem de encará-lo.

Sem mais, Axl se levantou e, antes que Izzy pudesse protestar, o pegou no colo como se fosse leve.

— Axl! — resmungou Izzy, tentando esconder o rosto no pescoço dele. — Me põe no chão, eu consigo andar!

— Claro que não consegue. — Axl gargalhou. — E, além disso, eu gosto de te carregar.

Levantou-se com ele nos braços, caminhando até o banheiro. Izzy se mexia, meio rindo, meio tentando escapar, mas no fundo se aconchegou contra o peito do ruivo.

No banheiro, Axl encheu a banheira, a água morna criando um vapor suave. Ajudou Izzy a entrar devagar, sentando-se junto em seguida.

O guitarrista soltou um suspiro longo, relaxando quando a água tocou sua pele dolorida.

— Hm… isso está bom demais. — murmurou.

Axl o observava, o rosto suave. Passou o braço em volta dele, puxando-o para junto de seu peito.

— Você está tão vermelho… — comentou, roçando o nariz no cabelo molhado de Izzy.

— É que… você me deixa assim. — falou rápido, depois se arrependeu e fechou os olhos, corando ainda mais.

Axl riu baixinho.

— É a coisa mais linda que eu já ouvi.

Por um tempo, ficaram em silêncio, apenas curtindo o calor da água. Até que Izzy falou, a voz mais baixa:

— Axl… e agora? O que vai ser da gente?

O ruivo ergueu as sobrancelhas.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer… você vai morar aqui em Indiana? Vai voltar pra L.A.? E a banda? — perguntou, a insegurança evidente no olhar.

Axl respirou fundo.

— Eu não sei todas as respostas ainda — disse ele, pegando o queixo de Izzy e obrigando-o a encarar seus olhos verdes intensos. — Mas sei de uma coisa: eu quero você. Não importa se for aqui, em L.A., ou no fim do mundo.

Izzy desviou o olhar, nervoso.

— Você fala como se fosse fácil…

— Não é fácil, mas eu nunca mais vou te perder. — Axl aproximou o rosto do dele. — Você é a única coisa que faz sentido pra mim.

Izzy sentiu o coração acelerar e, quase sem perceber, sorriu timidamente.

— Idiota… eu também.

Axl se inclinou e o beijou devagar, como se fosse a primeira vez. Um beijo cheio de promessas.

Mais tarde, quando tentaram sair da banheira, Izzy quase escorregou. Axl caiu na risada, segurando-o firme.

— Viu só? Ainda bem que eu tô aqui.

— Você só tá se divertindo às minhas custas — resmungou Izzy, mas acabou rindo também.

De volta ao quarto, depois de se secarem e se vestirem, ficaram deitados lado a lado na cama, conversando. Axl acariciava distraidamente a mão de Izzy, entrelaçando os dedos.

— Eu sempre achei que a gente fosse meio condenado… — confessou Izzy, olhando para o teto. — Mas agora… parece diferente.

— Porque é diferente. — respondeu Axl, firme. — Eu te amo, Izzy.

Izzy virou o rosto, surpreso, mas não hesitou em devolver:

— Eu também te amo, Axl.

E ficaram ali, frente a frente, trocando beijos e sorrisos, como se o mundo inteiro tivesse parado. Pela primeira vez em muito tempo, o futuro parecia incerto, mas não assustador — porque estariam juntos.

**

Izzy se sentou na cadeira da cozinha, com uma camisa larga demais que claramente era de Axl. O cheiro do tecido ainda carregava algo dele, fazendo Izzy revirar os olhos, mas sem coragem de tirar. Axl, de cabelos ainda úmidos e barba desalinhada, mexia numa frigideira como se estivesse em casa há anos, não como alguém que apareceu de repente na noite anterior.

— Você parece… confortável demais. — Izzy apoiou o queixo na mão, observando-o.

Axl deu um risinho. — Talvez eu esteja. — Colocou um prato de ovos na mesa. — Talvez seja porque… eu não quero mais ir embora.

Izzy ergueu as sobrancelhas, surpreso, e ficou alguns segundos em silêncio antes de perguntar:

— Então… o que vai ser agora, Axl? Você vai ficar aqui em Indiana? Voltar pra L.A.? E a banda? As turnês, os empresários… tudo aquilo?

Axl se acomodou na cadeira ao lado, os cotovelos apoiados na mesa, inclinando-se para frente. Os olhos verdes estavam sérios, mas havia uma suavidade que Izzy não lembrava de ter visto antes.

— A banda continua… eu sei que não dá pra largar tudo. Mas também sei que não dá mais pra fingir que você não existe. — Falou baixo, como se confessasse algo guardado há anos. — Eu vim até aqui porque precisava ter você de volta na minha vida.

Izzy desviou o olhar, brincando com o garfo no prato, sentindo o peso daquilo no peito.

— Você fala como se fosse fácil, Axl… como se aparecer na minha porta e tudo estivesse resolvido.

— Não é fácil. — Axl segurou o pulso dele por cima da mesa. — Não espero que você esqueça o que eu disse, o que eu fiz. Mas eu tô aqui, Izzy. Tô tentando.

O silêncio tomou conta do ambiente. O som da chuva, agora mais fraca, batia suavemente contra as janelas, lembrando que era novembro, e tudo parecia suspenso no tempo.

Izzy suspirou fundo e finalmente encarou-o.

— E se não der certo? — sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — E se a gente tentar de novo e se machucar ainda mais?

Axl se levantou, contornou a mesa e parou atrás da cadeira dele, apoiando as mãos nos ombros de Izzy. Inclinou-se até que seus lábios encostassem na orelha dele.

— Então a gente tenta de novo. E de novo. Até dar certo. Porque eu não aceito mais uma vida sem você.

Izzy fechou os olhos, sentindo arrepios percorrerem o corpo. Era exatamente o que ele temia e, ao mesmo tempo, tudo que desejava ouvir.

Ele virou a cabeça devagar, encontrando os lábios de Axl num beijo suave, nada urgente, mas cheio de promessa. Um beijo que falava mais que qualquer resposta imediata.

Quando se afastaram, Izzy riu baixo, balançando a cabeça.

— Você continua um idiota teimoso.

— E você continua lindo quando me chama assim. — Axl respondeu, mordiscando-lhe o pescoço e arrancando outro riso.

A tensão séria se quebrou com a leveza que só eles conseguiam construir, entre provocações e carinho.

Quando terminaram o café da manhã, Izzy se levantou com calma, ainda sentindo os músculos doloridos da noite passada. Recolheu as xícaras para a pia, mas antes que pudesse começar a lavar, Axl se aproximou e tomou os pratos de suas mãos.

— Deixa isso pra depois… — disse, com aquele tom meio mandão, mas cheio de carinho. — Vem comigo.

Izzy arqueou uma sobrancelha, mas acabou cedendo. Axl o puxou suavemente pela mão até a sala, e quando se jogou no sofá, não demorou a arrastar Izzy junto, acomodando-o sobre suas pernas como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Você sempre teve essa mania… — murmurou Izzy, tentando disfarçar o constrangimento. — De me puxar sem nem perguntar.

Axl deu um sorriso torto, olhos verdes faiscando. — E você sempre cedia, mesmo reclamando.

Por alguns instantes, ficaram em silêncio, apenas o barulho suave da rua entrando pelas frestas da janela. Então Izzy respirou fundo e deixou escapar:

— Como foram esses anos?

Axl inclinou a cabeça, pensativo. — Longos… intensos. — Passou a mão pelos cabelos ruivos, agora mais compridos.

Izzy o observava com atenção, cada palavra parecia pesar. Engoliu em seco antes de admitir:

— Eu sempre acompanhei, sabia? Jornais, revistas… sempre lia alguma coisa sobre vocês. Eu… — fez uma pausa, o rosto corando levemente — fiquei feliz por você.

Os olhos de Axl suavizaram. Ele apertou um pouco mais a cintura de Izzy contra si. — Não achei que você fosse se importar.

— Claro que me importei. — Izzy desviou o olhar, fixando-se em algum ponto da parede. — Eu nunca pensei que você… que você voltaria pra Indiana.

Um sorriso pequeno e quase melancólico surgiu nos lábios de Axl. — Nem eu. — Deu de ombros. — Mas, no fim, sempre tem algo que puxa a gente de volta…

Izzy riu baixinho, a ironia escapando no som.

— Tipo você sentado aqui no meu sofá, agindo como se nada tivesse mudado?

— Mudou. — respondeu Axl firme, encarando-o de frente. — Você mudou… eu mudei. Mas ainda estamos aqui.

O silêncio seguinte não foi pesado; carregava uma estranha leveza.

Izzy demorou a observar cada detalhe: o cabelo ruivo bagunçado, os olhos ainda brilhantes apesar do tempo, a pele mais marcada, mas viva.

— Você ainda está… — parou, hesitando, e acabou soltando em voz baixa — bonito pra caramba.

Axl ergueu a sobrancelha, satisfeito. — É, eu sei. — Então puxou Izzy mais para perto, até que os narizes quase se tocaram. — Mas você também não tá nada mal, Stradlin.

Izzy revirou os olhos, tentando disfarçar o calor subindo ao rosto.

— Por que Indiana? — Axl inclinou-se, a voz baixa e curiosa, sem julgamento. — Você podia ter ficado em Los Angeles, com a banda, com a gente… mas escolheu isso aqui. — Ele gesticulou para a sala, para a calma da cidade pequena. — Por quê?

Izzy respirou fundo, demorando a responder.

— Eu… precisava de silêncio, Axl. Espaço pra pensar, pra me encontrar. Em L.A., parecia que eu estava me perdendo o tempo todo. Correria, festas, excessos… tudo era demais. Aqui, pelo menos, consigo ouvir minha própria cabeça.

Axl permaneceu calado, apenas observando-o com intensidade.

— Você acha que eu não entendo… mas eu entendo. — murmurou. — Às vezes até eu penso em largar tudo, sumir, ficar em paz. Mas nunca consegui.

Izzy soltou um riso abafado, quase triste. — Você nasceu pra aquilo. O palco, a multidão… eu não. Nunca me vi inteiro lá.

Axl passou a mão pelo cabelo de Izzy, afastando uma mecha que caía no rosto dele. — E você se vê inteiro aqui?

A pergunta pegou Izzy de surpresa. Ele piscou, abriu a boca para responder, mas demorou. Por fim, apenas suspirou.

— Eu me vejo sobrevivendo. — confessou. — Não sei se é suficiente, mas é o que tenho.

Axl apertou de leve sua cintura, a voz carregada de sinceridade:

— Você nunca mereceu só sobreviver, Iz. Você merece viver de verdade.

Izzy baixou os olhos, tentando esconder a emoção. Mexeu nos dedos, inquieto, enquanto o silêncio preenchia o espaço.

— E você? — perguntou, quase como um contra-ataque. — O que está fazendo aqui, Axl? Por que voltar?

Axl respirou fundo, deixando o ar sair devagar. — Talvez porque cansei de fingir que estava bem sem você.

O coração de Izzy disparou, mas ele apenas o encarou, sentindo o peso das palavras ecoar.

— Eu… — começou baixo, quase um sussurro — não queria admitir, nem pra mim mesmo… mas nunca deixei de sentir sua falta. — Ele ergueu os olhos, hesitante. — Mesmo quando tentei me convencer de que era melhor assim.

Axl manteve o olhar fixo, sério, atento.

— Tinha dias em que acordava nesse silêncio todo e jurava estar livre. Mas bastava pegar a guitarra… ouvir uma música na rádio… — a voz de Izzy vacilou — e tudo voltava. Você. O palco. A gente.

Ele passou a mão pelo rosto, tentando disfarçar a emoção.

— Eu me escondi em Indiana achando que me protegia, mas, no fundo, só fugia de você… porque ter você perto sempre foi intenso demais. Eu não sabia lidar.

Axl respirou fundo, a mandíbula tensa, mas apertou a mão de Izzy com firmeza.

— Iz… — disse com voz grave, carregada de emoção — passei todos esses anos cercado de gente, barulho, luzes… e ainda assim me sentia sozinho. Porque você não estava lá.

Os olhos de Izzy arderam, mas ele sorriu, torto e melancólico.

— Pensei que você tivesse me esquecido. Que tivesse seguido em frente, que não sobrasse nada de nós.

— Esquecer você? — Axl riu baixo, quase incrédulo. — Izzy, posso ter tentado mil coisas, mas esquecer você nunca foi uma opção.

O silêncio voltou, pesado e suave ao mesmo tempo. Izzy baixou os olhos, mas Axl inclinou-se, forçando-o a encarar.

— Me diz… nesses anos todos… você ainda me amava? — os olhos verdes intensos não deixavam escapar nada.

O silêncio pareceu eterno. Izzy respirou fundo, e finalmente deixou as palavras escaparem, cruas:

— Eu nunca deixei de amar você.

Axl fechou os olhos por um instante, absorvendo cada palavra. Quando abriu, havia algo diferente neles — um brilho vulnerável.

— Então a gente não perdeu tudo, Iz — disse baixinho. — Ainda dá pra recomeçar.

Izzy sentiu o peito apertar, mas não desviou. Apenas assentiu, deixando escapar um sorriso tímido, como se finalmente tirasse um peso das costas.

Antes que pudesse afundar demais nas próprias emoções, Axl quebrou o silêncio, arqueando uma sobrancelha e soltando um meio sorriso:

— Então quer dizer que você ficou aqui em Indiana todos esses anos… mas não conseguiu arrumar ninguém que te aguentasse além de mim?

Izzy riu, meio sem jeito, empurrando de leve o ombro de Axl.

— É, acho que você estragou qualquer chance que eu tinha com o resto do mundo.

Axl soltou uma risada baixa e inclinou-se, mordendo de leve a orelha de Izzy.

— Bom saber que continuo sendo insuportável… e insubstituível.

Izzy tentou conter o riso, mas logo relaxou contra ele, ainda corado.

— Você sempre foi insuportável mesmo… só que, de alguma forma, eu gosto disso.

Axl fingiu ofensa, colocando a mão no peito.

— “De alguma forma”? Sério, Iz? Depois de tudo, ainda é “de alguma forma”?

Izzy deu uma risada mais aberta, sentindo a tensão se dissolver.

— Tá, tá… eu gosto de você exatamente do jeito que você é. Feliz agora?

Axl não respondeu de imediato. Apenas puxou Izzy para mais perto no sofá, grudando-o contra o próprio peito. Depositou um beijo demorado no alto da cabeça dele e murmurou:

— Muito.

Izzy suspirou, fechando os olhos. A intimidade daquela troca o fazia sentir seguro, como se tivessem encontrado um ponto de equilíbrio entre intensidade e leveza.

— Eu tinha esquecido como era rir com você — admitiu baixinho. — E como tudo parece menos complicado quando você está por perto.

Axl sorriu contra seus cabelos.

— Então é isso que vamos fazer, Iz. Rir mais, complicar menos. O resto a gente resolve no caminho.

Izzy levantou o rosto, encarando aqueles olhos verdes tão próximos, e sorriu. Pela primeira vez em muito tempo, não sentiu medo do que viria a seguir.

**

Izzy ajeitou-se no colo de Axl, as pernas ainda em volta dele, mas o olhar agora sério.

— Axl… tem uma coisa que eu preciso perguntar.

O ruivo arqueou uma sobrancelha, apertando levemente a cintura dele.

— Manda.

— Você acha que mudou mesmo? — Izzy inclinou a cabeça, estudando cada detalhe do rosto dele. — Porque você sabe que a gente se destruiu muito por causa do seu jeito explosivo. Eu nunca soube quando você ia gritar, quando ia quebrar alguma coisa… ou quando ia virar contra mim.

Axl não desviou o olhar. Inspirou fundo, a mão subindo devagar pelas costas de Izzy, como se buscasse firmeza no toque.

— Eu sei. Eu fui um idiota. — A voz saiu rouca, quase um murmúrio. — Mas não tenta fingir que você não me cutucava também, querida. Você sabia como me deixar maluco.

Izzy deu uma risada curta, meio sem humor. — Isso não é desculpa.

— Eu não estou me desculpando, tô admitindo. — Axl ergueu a mão, segurando o queixo de Izzy para que ele não desviasse o olhar. — Eu fui cruel às vezes. E me arrependo disso mais do que qualquer outra coisa.

Izzy respirou fundo, mas não recuou. Os olhos escuros brilhavam com algo entre mágoa e desafio.

— Então o que mudou? Você ainda é o mesmo Axl cabeça-quente.

Um sorriso torto surgiu nos lábios dele. — Talvez. Mas hoje eu sei o que não quero perder. — Ele pressionou um beijo rápido no canto da boca de Izzy, como se provasse a própria afirmação. — E você está no topo dessa lista.

Izzy suspirou, quase sorrindo, mas tentou manter a seriedade. — Eu não vou viver pisando em ovos com você, Axl. Se for pra ser assim, é melhor parar por aqui.

O ruivo segurou a nuca dele e falou com firmeza:

— Eu não vou deixar você ir embora de novo, Izzy. Nem que eu tenha que aprender a me calar quando a raiva subir.

Por alguns segundos, o silêncio reinou. O coração de Izzy batia rápido, mas não de medo — era da intensidade crua daquele olhar. Então, finalmente, ele deixou escapar um sorrisinho irônico.

— Hm… vamos ver se você aguenta me aturar, então.

— Eu aguento qualquer coisa… menos ficar sem você. — Axl riu baixo, encostando a testa na dele. ** Os meses se passaram com uma estranha perfeição para os dois. Axl havia se acostumado à rotina de Indiana mais rápido do que esperava. Cada manhã começava com café feito por Axl, risadas baixas enquanto mexiam na horta ou consertavam algum carro na oficina.

Às vezes, Izzy reclamava de algo pequeno, e Axl, sempre com aquele sorriso travesso, respondia com provocações que faziam Izzy rir mesmo sem querer.

— Se você fosse mulher, Iz… eu acho que já estaria grávida. — A brincadeira de Axl soou maliciosa, mas Izzy arqueou uma sobrancelha e revirou os olhos.

— Ah, é? — respondeu Izzy, meio corado, meio rindo. — Então acho que teria que te processar, sabia?

— Eu adoraria esse processo — disse Axl, inclinando-se e sussurrando perto do ouvido dele. — E prometo… eu seria muito, muito convincente.

A intimidade entre eles crescia a cada dia. Risadas, toques, beijos rápidos e longos, momentos de pura cumplicidade e outros de luxúria intensa. Axl aprendeu a abrir os olhos cedo sem reclamar da luz; Izzy passou a aceitar que ele podia bagunçar a oficina, e juntos descobriram pequenas alegrias de uma vida simples, longe da fama.

Mas, numa tarde tranquila, enquanto Axl dormia depois de uma manhã exaustiva, o telefone da casa tocou. O som cortou a tranquilidade como uma lâmina. Izzy, ainda enrolado em uma toalha depois do banho, pegou o aparelho.

— Alô? — disse, a voz calma, mas com um leve aperto no peito.

Do outro lado, a voz era firme e urgente:

— Izzy, aqui é o empresário do Axl. Temos muita coisa acontecendo em L.A., shows, contratos, a banda… Axl precisa voltar imediatamente.

O silêncio caiu sobre Izzy por um instante, pesado. Ele sentiu o corpo tremer levemente, não só pela notícia, mas porque sabia que aquela ligação mudaria a rotina que eles tinham construído juntos.

— Ele… está dormindo — respondeu Izzy, tentando soar neutro. — Posso avisar quando acordar?

— Não, precisamos resolver isso agora. É sério. — A voz do outro lado era ríspida, profissional. — Axl não pode se atrasar.

Izzy segurou o telefone um pouco mais apertado, olhando para o lado, onde Axl ainda dormia despreocupado. O coração dele batia acelerado. A simples ideia de interromper aqueles meses juntos, de ver Axl voltar para o mundo de L.A., enchia-o de tensão, ciúmes e um medo silencioso que ele nunca admitiria em voz alta.

Enquanto isso, Axl começou a se mexer, ainda sonolento. Izzy engoliu em seco, tentando pensar rápido em como lidar com a situação sem assustá-lo.

— Tá… tá bom — murmurou, com uma mistura de firmeza e preocupação. — Eu aviso ele.

O telefone voltou ao silêncio, mas a sala estava carregada de tensão, a rotina perfeita que eles tinham construído agora pendendo sobre a iminência de uma mudança inevitável. Izzy não sabia como Axl reagiria, e, por mais que quisesse proteger aqueles meses preciosos, sabia que o mundo lá fora não iria esperar.

Axl percebeu o silêncio estranho e o olhar sério de Izzy.

— Que foi, querida? — perguntou, bocejando e ajeitando-se na cama.

Izzy engoliu em seco, tentando encontrar a forma certa de dizer sem assustá-lo.

— Recebemos uma ligação… do seu empresário. Ele quer que você volte para L.A. — disse, mantendo a voz firme, mas sem conseguir esconder o aperto no peito.

Axl piscou algumas vezes, ainda processando, e então se incorporou devagar, os cabelos ruivos bagunçados e os olhos verdes brilhando com confusão.

— L.A.? — murmurou, passando a mão pelo cabelo. — Mas… eu… esses meses…

Izzy segurou a mão dele, buscando transmitir segurança.

— Eu sei… eu sei que você se adaptou aqui. A gente se acostumou à nossa rotina… mas eles querem você lá agora.

Axl respirou fundo, tentando organizar os pensamentos, o corpo ainda relaxado, mas a mente acelerada.

— E a gente? — perguntou, finalmente olhando nos olhos de Izzy. — Esses meses… tudo isso… o que vai ser agora?

Izzy suspirou, sentindo a tensão aumentar, mas também a necessidade de ser sincero.

— Eu não sei, Ax. — disse, com um sorriso meio triste, meio desafiador. — Mas eu quero você aqui. Quero você comigo… não sei se consigo aceitar que você vá embora de novo.

Axl se aproximou, envolvendo Izzy em um abraço firme.

— Eu também não quero ir, Izzy. — murmurou perto do ouvido dele, sentindo o coração acelerar. — Mas o mundo lá fora… eu não posso simplesmente desaparecer dele.

Izzy se afastou o suficiente para encará-lo, os dedos acariciando o rosto dele, os olhos cheios de preocupação e desejo.

— Então a gente precisa decidir, Al. O que vai ser? Você volta pra L.A. e eu fico aqui… ou a gente encontra um jeito de ficar juntos, mesmo que seja difícil?

Axl fechou os olhos por um instante, respirando profundamente, e então respondeu, a voz baixa e rouca:

— Eu não sei… mas sei que não vou te perder de novo. Não sem lutar.

Izzy sorriu, a tensão diminuindo um pouco, e deixou escapar um riso nervoso.

— Bom… pelo menos você ainda sabe como me deixar sem fôlego.

Eles riram juntos, o riso misturado com suspiros e o cheiro da manhã. A intimidade estava ali, mesmo diante da incerteza. Por alguns segundos, esqueceram o mundo lá fora, apenas se abraçando, se tocando, como se aqueles meses nunca tivessem acabado — e, de certa forma, não tinham.

Axl finalmente suspirou e pegou o telefone, hesitando antes de discar o número do empresário. Izzy ficou observando, sentado no sofá, cada movimento dele parecia gravado na memória: os ombros tensos, o punho levemente fechado segurando o aparelho, o olhar firme, mas com aquela pontinha de raiva contida que ele sempre tinha quando se sentia pressionado.

— Axl? — começou a voz do outro lado, direta e profissional.

— Sim… sou eu. O que está acontecendo? — Axl perguntou, mantendo a voz calma, mas cada sílaba carregada de frustração contida.

Enquanto a conversa continuava, Izzy percebeu a mudança sutil no corpo de Axl: os punhos se cerravam, a mandíbula rígida, o olhar se tornando distante, como se carregasse anos de decisões e responsabilidades naquelas poucas palavras. Ele se aproximou silenciosamente, sem tocar, apenas observando cada reação.

— Eu entendo — Axl disse depois de alguns minutos, respirando fundo. — Vou resolver isso…

A ligação terminou, e Axl ficou alguns segundos olhando para o nada, a mente claramente trabalhando nos próximos passos. Ele suspirou novamente e começou a pegar suas roupas, dobrando com cuidado, organizando o mínimo que poderia levar consigo.

Cada gesto parecia carregado de ansiedade, mas também de cuidado, como se não quisesse deixar rastros de desordem naquele pequeno refúgio que compartilhavam.

Izzy permaneceu em silêncio, o peito apertado, observando o homem que ele amava organizar suas coisas com uma mistura de disciplina e resignação. A raiva e a angústia começavam a se misturar dentro dele, mas também havia uma decisão firme crescendo: ele não queria apenas reagir, queria agir.

Quando Axl saiu para buscar algo no quarto, Izzy aproveitou o momento. Com mãos trêmulas, começou a arrumar uma mala para si mesmo, escolhendo cuidadosamente as roupas que levaria. Cada peça era um pequeno ato de coragem e planejamento, cada dobra no tecido uma tentativa silenciosa de manter algum controle sobre o que estava prestes a acontecer.

— Izzy… — A voz de Axl chamou de repente, mas Izzy rapidamente colocou a mala embaixo da cama, escondida. Ele respirou fundo, fingindo casualidade, como se nada tivesse acontecido.

— Só estou ajudando a organizar algumas coisas — respondeu Izzy, com um meio sorriso, tentando parecer natural.

Axl olhou para ele, o olhar misto de suspeita e preocupação, mas não disse nada, voltando para guardar suas roupas. Izzy sentiu o coração disparar. A mala escondida era mais do que roupas — era um símbolo da sua própria decisão, da força silenciosa que ele precisava ter para não se perder novamente.

Enquanto Axl continuava a arrumar, os dois compartilhavam o mesmo espaço, a tensão e o silêncio preenchendo cada canto da sala de forma quase poética. Um toque de mãos ao passar uma camisa, um olhar trocado enquanto dobravam calças, e ainda assim, cada gesto carregava mais emoção do que palavras poderiam expressar.

Izzy sabia que sua decisão iria mudar tudo, mas também sabia que precisava ser feita. Ele apenas esperava que Axl percebesse, ou que, no momento certo, entendesse o que estava acontecendo sem que precisassem de explicações longas.

E ali, entre roupas dobradas, malas escondidas e olhares silenciosos, o ar carregava tanto amor quanto medo — um amor que não queria ser deixado para trás, mesmo diante da inevitabilidade do mundo lá fora.

A mala de Axl estava pronta, cuidadosamente colocada ao lado da porta. Ele olhou para o pequeno apartamento silencioso, respirando fundo, cada detalhe lembrando-o dos meses que passou ali. Quando se virou para Izzy, seus olhos verdes estavam carregados de emoção, raiva contida, saudade e um toque de culpa.

— Izzy… — começou, a voz baixa, quase trêmula —, eu tenho que ir. Mas… eu volto, assim que resolver tudo em L.A. Prometo que vou ligar pra você todos os dias que conseguir. Eu… eu não estou te abandonando, querida.

Izzy permaneceu em silêncio por um momento, o peito apertado, os dedos trêmulos. Cada palavra de Axl parecia simultaneamente reconfortante e dolorosa. Ele respirou fundo, o olhar fixo no homem à sua frente, tentando organizar os sentimentos conflitantes que surgiam.

— Axl… — começou, com a voz quase um sussurro —, eu…

Axl deu um passo à frente, aproximando-se, como se quisesse que cada palavra dele fosse ouvida claramente:

— Eu sei… eu sei que isso não é fácil. Mas… eu volto. Eu juro.

E então, quando Axl parecia aceitar o silêncio e seguir para a porta, Izzy se moveu rapidamente. Em um impulso que surpreendeu os dois, ele segurou sua mala e a mão de Axl e disse com firmeza:

— Eu vou com você.

Axl parou no meio do corredor, o corpo tenso, os olhos arregalados.

— Izzy… — murmurou, incrédulo —, você tem certeza?

Izzy assentiu, a voz firme, mas com um toque de vulnerabilidade:

— Eu não consigo ficar aqui sem você. Não depois de tudo… não depois desses meses.

Axl deixou escapar um riso baixo, cheio de emoção, e puxou Izzy para perto, envolvendo-o em um abraço apertado.

— Então é isso… vamos enfrentar L.A. juntos — disse ele, com os lábios próximos aos dele, sussurrando cada palavra como se fosse um juramento.

Izzy respirou fundo, apoiando a cabeça no peito de Axl, sentindo o coração disparado.

— Juntos — repetiu ele, e os dois sorriram, sabendo que, não importa o que viesse pela frente, finalmente estavam escolhendo ficar um com o outro.

O mundo lá fora podia esperar. Por enquanto, tudo o que importava era o momento que compartilhavam — e a promessa silenciosa de que, não importa a distância, não haveria mais solidão entre eles.